quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Ela que me desculpe, mas ainda preciso falar de você

Era sexta à noite, quando uma amiga me chamou pra ir na casa de uns amigos, estava exausta e não queria muito ir, mas resolvi que iria. Ela atrasou. Eu pensei em desistir. Acabei desistindo. Fui. Cheguei lá, nada diferente do que estava acostumada, umas bebidas, um narguilé e alguns homens conversando. Eu tão apaixonada por cachorros, conheci o mais rebelde da vida. Os meninos não eram lá muito simpáticos, fiquei largada no sofá com uma ou outra cerveja. Até você chegar.
Te olhei como quem não queria nada, e realmente não queria. Era só mais um que não iria falar comigo. Quis ir embora. Fiquei. Parece que Deus sabe onde devemos estar exatamente na hora em que temos que estar. Tive ensaio naquela sexta, e teria no sábado de manhã também. Eram 3h da manhã, e eu ainda estava lá. Será que desde aquele dia era só você que me importava? Trocamos algumas palavras, aquela conversa clichê de: quem você é e o que faz. Até você descobrir que eu fazia USP, e então começar me chamar de nerd. Você chamou minhas amigas pra festa que teria no dia seguinte, mas olha bem pra minha cara de quem vai deixar de ir pra festa de faculdade pra ir na casa de meninos que nem falaram comigo. Não fui. Fui pra festa da faculdade, que por sinal foi uma merda. Cheguei e fiquei 2h na fila da chapelaria. Derrubaram cerveja no meu cabelo. O barman estava mais preocupado em pegar as meninas da festa do que encher meu copo. Sai da festa, com sono e com frio. Fiquei mais de 1h esperando minha carona pra casa. Pego meu celular, eis que tem uma mensagem sua “Eiiii, porque não foi sábado com as meninas lá ?”. Respondo as 6 da manhã, e a gente começa a conversar. Facebook. Whatsapp. Você me fazia ficar acordada até 1h30 da manhã mesmo tendo que acordar às 5h no dia seguinte. Era assunto que não acabava mais. E eu amava te conhecer de pouquinho em pouquinho. A gente se conheceu um pouco antes das férias do meio do ano, na época eu não trabalhava e estava de férias da faculdade, eu amava ficar o dia todo conversando com alguém que só sabia me chamar de nerd. Eu amava ter com quem compartilhar as minhas mil horas de sono, e os milhões de filmes e séries que estava assistindo. Você acordava cedo de semana, me mandava bom dia, e lá pra 1h da tarde quando eu acordava a gente se falava o resto do dia. Sua chefe chegou a reclamar que você não largava o celular, lembra? Minhas amigas falavam o mesmo na faculdade. Tudo era você! Tudo que acontecia, eu queria te contar. E a gente só tinha se visto uma vez na vida, isso é tão estranho pra mim.
A gente tentava e combinava de sair todo fim de semana. Nunca dava certo. Teve até um dia que te chamei de lerdo, lembra? Um dia você me chamou pra ir num churrasco de um amigo seu, e eu fui com as minhas amigas. Decepção. Cheguei lá e não trocamos uma palavra. Engraçado que conversei com todos os seus amigos, menos com a única pessoa que eu queria do meu lado. Fui embora. Te deu a louca e você quis aparecer na minha casa de madrugada. Mas era tão incrível a forma como a gente se olhava de canto de olho. Como era nítida a vontade que os dois estavam de ficar juntos. Quando fui embora você me deu um abraço de “FICA”, e eu queria. Nossos fins de semana eram assim, um em cada canto os dois no Whatsapp, e percebendo cada dia mais como ficar junto deveria ser melhor, mas a gente não sabia ainda como era. Enquanto nossos fins de semana eram separados, era áudios de bêbados na madrugada de sábado, mensagens dizendo que te queria ali comigo.. Eu era uma menina maluca, sem muita perspectiva de futuro. Eu estava machucada e não acreditava muito em futuro. Vivia cada dia, agradecendo sempre por você estar ao meu lado, mas sem expectativa. Você brigava comigo por isso. Aliás, quantas brigas já tivemos, não é mesmo? Desde o comecinho, desde quando um não sabia nada sobre o outro, desde quando a gente não tinha nem ficado pela primeira vez. Mas fazer o que com esses dois arianos cabeças duras? A gente tinha o nosso jeito de se levar, o nosso jeito meio maluco. Então começamos a sair, e nosso primeiro encontro não podia ser mais a nossa carinha, cinema na sexta com uma boa comédia. Com você eu sempre pude ser eu mesma, sabe? Sem precisar esconder coisas ao meu respeito, nunca tive vergonha de fazer algo com você pela primeira vez (ah, teve uma coisinha que eu tive, mas isso só nós sabemos). Foi maravilhoso, e valeu a pena ter esperado dois meses pra te dar o primeiro beijo. Você lembra como foi? Entramos no cinema conversando sobre a vida, quando o filme começou você pegou na minha mão. Quando eu te olhei, a gente já sabia o que iria acontecer, mas eu abaixei a cabeça e você me deu um beijo na testa (ei, isso foi suspeito desde sempre, ta bom!?), e então eu não aguentei mais esperar. Eu queria aquilo. Fazia muito tempo que eu queria. Já te falei que desde aquele dia, o seu colo é o melhor do mundo? Ninguém nunca teve um encaixe tão perfeitinho como eu deitada ali no seu colo. E desde então nunca mais nos desgrudamos. Teve briga sim, muita. Teve roles chatos. Teve noites acordada chorando, pensando que nunca mais iria te ver. Teve noite cheia de mensagens de amor. E teve tanto, mas tanto amor. Teve tantos momentos especiais. Tivemos nossos momentos sérios, normalmente um tentando abrir um pouco a cabeça do outro, querendo que o outro se tornasse uma pessoa melhor.
Você sempre soube me arrancar sorrisos. E foi isso que me fez ficar em meio as brigas que nós tínhamos. No meio de uma briga, eu perguntei o que você queria, e sabe o que você me respondeu? “Mesmo desse jeito, eu acordo pensando em você durmo e passo o dia pensando em você, eu sonho com você meu, por isso insisto em você, eu sei que gosto muito muito, e por mim eu vou insistir, você me faz bem, me deixa leve, traz paz e as coisas não são mais chatas com você aqui, não quero que você vai, quero que você fique, igual eu tenho essa vontade enorme de ficar”. Hoje, depois de passarmos por tudo que passamos. Por pedidos de namoro negados, e enfim um Sim, depois de meses de namoro com uma cabeça dura feito eu, com pessoas querendo atrapalhar.. Não estamos mais juntos. Mas essa resposta que você me deu continua sendo o meu pensamento. Continua sendo o motivo que ainda estou aqui falando sobre você. Não falo mais sobre nós, afinal o sentimento de uma das partes se foi. E relacionamento é uma via de mão dupla. Mas continuo sentindo falta da pessoa que me faz bem 24h por dia. Da pessoa que me amou, e arriscou tudo em mim. Da pessoa que por maior que fosse o amor, me dava bronca quando eu estava errada. É difícil encontrar um amor assim, e é por isso que sempre falei que você era diferente. Você foi. E você ainda é.

Hoje, nossas vidas são separadas, e não temos nada que nos ligue. Não tivemos os nossos cachorros que prometemos, nosso casamento ficou nos sonhos, e nossos três filhos ficaram na nossa imaginação. Mas meu amor ainda está aqui, maior do que já foi um dia. A dor que sinto quando lembro de você sei que um dia vai virar uma saudade gostosa de se sentir, e de lembrar de tudo que nós passamos juntos. Nem foi tanto tempo assim, não é? Mas amor nunca foi questão de quanto tempo estão, e sim o quanto estão juntos. E nós.. não existe palavra! Mesmo depois de quase 1500 palavras, elas ainda me faltam para falar de você. 

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