Talvez você realmente não seja o cara certo. Aquele com quem
vou me casar e ter dois filhos, uma chácara no interior e no mínimo três
cachorros correndo pela casa. Talvez você não seja nem mesmo a pessoa que eu
quero apresentar pra minha família e passar os domingos vendo jogo de futebol
no sofá com pipoca e guaraná. Nosso time do coração pode até ser o mesmo, mas
isso não une propriamente nossos corações. Talvez você seja até mesmo o tipo
certo no momento errado, ou o tipo errado no momento certo, ou até o tipo
errado no momento mais errado ainda. Talvez, talvez! Mil dúvidas sobre o que te
fez entrar em minha vida, despertar o melhor de mim e depois nem aí. Trilhões
de dúvidas do que te fizeram ficar e qual a duvida que não te deixa ir. O que
te prende, o que te leva, o que te engana, o que te mente, o que te enlouquece,
o que te vai e o que te volta.
Dúvidas marcadas por motivos em comum, de uma certeza que não
temos de um futuro mais incerto do que o horário da chuva de verão que
provavelmente despencará algum dia desses.
Planos em aberto, futuros incertos e vontades infinitas.
Pontos finais que foram colocados tantas vezes que se tornaram reticências, nos
mostrando que quanto mais tentamos acabar, mais afirmamos que temos muito pela
frente.
Nossos amigos nos dizem que é para esquecer, nos apresentam
novas pessoas, tão queridas que nem consigo explicar, mas simplesmente não
despertam meu olhar mais brilhante, meu sorriso mais bonito e minha risada mais
contagiante. Nossos pais dizem que graças a Deus acabou, que éramos um empecilho
um para o outro, mas mal sabem eles a paz que nós nos proporcionávamos. Como o
carinho era gostoso, como o abraço encaixava. Como um olhar curava qualquer mal
estar, e como dormir pensando em você era sinal de sonho bom e um amanhecer feliz
com a vida!
A gente reza pedindo para sermos felizes, mesmo distantes,
mas ao deitar só nós sabemos a falta que fazemos. A falta de até mesmo sentir
falta. A falta de ter saudade. A falta de querer estar juntos e simplesmente não
poder, e não por desculpas, mas por estar ocupada demais desejando a tua
felicidade. É torcer para que tudo dê certo mesmo sabendo que esse “tudo” vai
te levar sempre para mais longe de mim. É querer a felicidade, e cruzar os
dedos e pedir com todas as forças que esta felicidade seja ao meu lado. É saber
que o certo é simplesmente deixar para lá, sem pensar muito. Fechar os olhos,
esquecer as reticências e a história mal acabada que deixamos para trás. Mas ninguém
entende que precisamos entender o por quê, o onde, o quando, o como. Como fomos
parar aqui? Por quê a duvida? Onde nos perdemos? Quando isso aconteceu?
Pura mania de dois egoístas orgulhosos! Pura mania de amar
demais. Querer demais. Queres sempre mais. Não abrir mão mesmo sabendo que
talvez seja o melhor a ser feito, mas vai comparar esse melhor com um dos
nossos simples abraço!
Flávia Sitta
(Texto escrito em 21 de julho de 2014)
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